Como é ser mulher nos quadrinhos
- Entre Balões
- 7 de jun. de 2020
- 2 min de leitura

Os quadrinhos contam histórias sobre os mais diversos assuntos. Do racismo a desigualdade social. Da filosofia até o capitalismo. E também sobre o feminismo.
Não é uma novidade que este universo ainda é dominado pelo setor masculino, e consumido por essa maioria, mas será que realmente é assim? Ou a produção e o público feminino são sempre deixados de lado?
O que podemos dizer é que esse ponto não é discutido somente no Brasil. Isso é visto pelo mundo todo. Uma consequência da educação machista e patriarcal que vem de muitas décadas. O maior símbolo de um gibi brasileiro é uma menina que se autodenomina “dona da rua” e não leva desaforo pra casa. A Mônica, personagem criada pelo Maurício de Souza, é dona não só da rua, como dos nossos corações, sendo a personagem de quadrinhos brasileiros mais rentável da história!
Então porque não consumimos mais quadrinhos feitos por mulheres e estrelados por personagens femininas no mercado nacional?
Uma opinião bem comum no meio é de que as personagens super sexualizadas não é uma característica dos quadrinistas brasileiro, o que é até bom, mas o público já está acostumado a consumir essa versão do corpo feminino, que não é nada compatível com a realidade. Além de padronizar um corpo inalcançável, o público feminino não se sente reconhecido ali na maioria das vezes, está faltando a representatividade, e o incentivo também a este tipo de leitura.
Os quadrinhos muitas das vezes e por muitos anos, foi designado como hobby de gente esquisita, dos inteligentes antissociais que apenas queriam viver em um mundo de fantasias. Mas a realidade em terras tupiniquins são outras. Por aqui não temos incentivo a leitura nenhum. E também não temos incentivos à produção. Não se tem pra eles. Quem dirá pra elas? Além de não haver o incentivo, há também o machismo inserido na nossa cultura. Com as redes sociais, é difícil para essas artistas produzirem algum material sem receber críticas mal construídas de algum homem das cavernas de plantão. Comentários esses que nem estão inseridos em suas realidades. Como falar de menstruação, se algum cometário vai surgir do limbo da internet de que se trata de algo impróprio ou nada haver? É difícil ser mulher nos quadrinhos, seja artista ou leitora. É quase impossível desviar de situações preconceituosas do meio.
Neste mundo travamos uma batalha. Não só por respeito, mas como por espaço e representatividade. Imagine quantas meninas deixaram de expor uma ideia apenas porque sabe que vai receber uma enxurrada de críticas e porquê é uma menina. Será que não está na hora de se ter mais igualdade nessa luta? O feminismo luta por igualdade, não por superioridade. E queremos igualdade nos quadrinhos também.
Mas o Brasil ainda pode contar com quadrinistas incríveis que sabem carregar bem asse árduo papel nas costas. De Helô D’Angelo a T.S. Carmo, ou de Laerte a Lu Cafaggi. Nós temos representantes incríveis do meio. Para as cartunistas, chargistas e quadrinistas desse país, o maior dos agradecimentos pelas contribuições com suas obras. Que sigam produzindo e incentivando. As meninas agradecem. E os meninos ainda não sabem, mas vão agradecer por isso também.
Por Kamylla Carvalhal
( Fã de quadrinhos desde sempre )
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